Como os médicos podem ajudar a combater o negacionismo?

negacionismo na medicina

Combater o negacionismo tornou-se uma obrigação para os médicos que são comprometidos com o bem-estar social e a saúde de seus pacientes e das comunidades em geral. Em tempos de pandemia, isso se tornou ainda mais evidente.

É bem provável que você já tenha recebido correntes no WhatsApp com fake news e textos assinados por movimentos antivacina, por exemplo. 

Esse tipo de ocorrência é bastante grave, um verdadeiro desserviço para a população e o médico tem um papel importante ao ajudar a combatê-las.

Pronto para saber como os médicos podem ajudar a combater o negacionismo? Então, prossiga com a leitura!

As origens e as causas do negacionismo

No Dicionário Online de Português, o negacionismo é definido como: “A ideologia da pessoa que nega ou não aceita um fato comprovado e documentado, analisando esse fato com argumentos ou pontos de vista sem fundamentos históricos, revisionismo ou comprovações científicas”.

Ou seja, uma pessoa negacionista é aquela que acredita e perpetua fatos irreais. O problema maior é que, ao agir dessa forma, o indivíduo não prejudica apenas a si mesmo, mas também a toda sociedade.

A ascensão da internet e, principalmente, das redes sociais têm feito com que as atitudes negacionistas ganhem um espaço jamais visto na história. Atualmente, qualquer um pode criar um blog ou perfil no Facebook para disseminar informações inverídicas, por exemplo.

Isso tem feito com que o negacionismo se torne algo sistêmico, como bem observa Marcos Napolitano, professor do curso de História da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista para o portal da Unicamp.

Nas palavras do historiador: “O negacionismo vai além de um boato ou fake news pontual. É um sistema de crenças que, sistematicamente, nega o conhecimento objetivo, a crítica pertinente, as evidências empíricas, o argumento lógico, as premissas de um debate público racional, e tem uma rede organizada de desinformação. Essa atitude sistemática e articulada de negação para ocultar interesses político-ideológicos muitas vezes escusos, que tem sua origem nos debates no Holocausto, é inédita no Brasil”.

O negacionismo pode ser considerado, portanto, um fenômeno cultural. Essas correntes de pensamento, conforme explicam teóricos da Antropologia e da Cultura, como Clifford Geertz, ganham força a partir dos símbolos.

Os símbolos, nesse caso, podem ser figuras midiáticas ou políticas, que ocupam cargos de liderança na sociedade.

Quando um desses “símbolos” nega a ciência, apoia movimentos antivacina e recomenda o uso de medicamentos, cuja ação  não serve para tratar ou prevenir determinada doença, por exemplo, o negacionismo ganha mais força.

Os indivíduos “seguem o líder” e o negacionismo se torna um problema ainda mais grave a ser enfrentado por toda a população. Combater esse tipo de corrente, portanto, é um desafio para todos, inclusive, os profissionais de saúde.

As consequências do negacionismo para a saúde da população

O negacionismo pode trazer consequências graves para a saúde da população. Isso porque, no Brasil, uma das principais correntes desse tipo de pensamento envolve os movimentos antivacina.

Essas movimentações já eram vistas antes mesmo da pandemia. Em 2018, por exemplo, a revista Galileu publicou uma reportagem mostrando como o sarampo, doença que já era considerada erradicada no Brasil, voltou a ocorrer.

As consequências do retorno do sarampo e de outras patologias encontram evidências nos movimentos antivacina. Como muitos pais, por serem negacionistas, não vacinaram os seus filhos, a doença voltou a ser um problema para a sociedade.

Agora, com a pandemia da Covid-19, combater o negacionismo tornou-se ainda mais importante. Afinal, já ficou provado que é apenas vacinando a população que conseguiremos, finalmente, controlar as infecções pelo novo coronavírus.

4 dicas para os médicos ajudarem a combater o negacionismo

Como você pode observar, combater o negacionismo é algo que deve fazer parte da rotina dos médicos. Para que você possa colocar isso em prática no seu dia a dia, temos uma série de dicas. Confira!

1. Converse com os seus pacientes

Ao atender os pacientes em seu consultório, é importante que você converse com as pessoas e tente quebrar mitos ou crenças negacionistas.

Para muitas pessoas, principalmente as mais humildes, o médico tem um papel de relevância na sociedade. Ele é visto como uma pessoa sábia, detentora de muitos conhecimentos.

Não é errado entender o médico como um dos “símbolos” propostos por Geertz. Dessa forma, uma conversa esclarecedora, com um linguajar simples e didático, pode fazer com que os pacientes sejam educados para aceitar a ciência.

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2. Posicione-se nas redes sociais

Até mesmo pela posição que ocupa, o médico precisa ter mais voz na sociedade. Por isso, as suas opiniões não devem ficar restritas às paredes do seu consultório ou dos hospitais em que atende.

É muito importante que você use as suas redes sociais para compartilhar artigos científicos, links com notícias e estudos interessantes, dicas para se prevenir de doenças etc. Tudo isso ajuda a reduzir o negacionismo e faz com que você se aproxime dos seus pacientes.

3. Coloque-se à disposição das mídias locais

Outra ideia interessante é contratar um serviço de assessoria de imprensa ou simplesmente entrar em contato com a mídia local e se colocar à disposição para participar de pautas.

Dessa forma, os jornalistas e produtores de conteúdo poderão entrar em contato para você dar entrevistas para jornais, revistas e programas de rádio e TV. Isso fará com que os seus pensamentos contra o negacionismo sejam difundidos para mais pessoas.

4. Não seja omisso às fake news

Sempre que você receber no WhatsApp ou nas redes sociais alguma fake news ou texto negacionista, não seja omisso.

É importante que, como médico, você rebata essas informações falsas com dados e evidências científicas. Assim, você ajuda a acabar com a desinformação, que tanto mal faz às nossas comunidades.

Pronto para ajudar a combater o negacionismo? Que tal começar agora mesmo? Você pode compartilhar este artigo em suas redes sociais, para que seus colegas médicos também comecem a pensar em meios para reduzir essa corrente.

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